quarta-feira, janeiro 04, 2012

Marion......

Final de 92... meu pai me chamou para ver algo.. perto do carro que ele estava arrumando uma gata que vivia assaltando a comida da minha Gabrielle  e que eu jurava que era um gato macho, tanto que a chamava de "Sem Bolinha" estava em trabalho de parto.

Fiquei observando encantada pela natureza tão sábia, nasceram 3 bolinhas de pelo 2 amarelas e uma tigrada. Vi abrirem os olhinhos pela primeira vez,  as carinhas de descobridores do mundo. Um dia num descuido os gatinhos entraram no motor do carro, meu pai saiu e voltou minutos depois com a única sobrevivente. Minha Marion que desde então disse que seria minha.

Cresceu virou uma gata maravilhosa e brava de vez em quando. Toda vez que teve cria, 3 por que sempre escapava  pra namorar. Vinha no meu colo quando sentia as dores, apreensiva, me olhava como seu a sempre pudesse protege-la de todo mal. Ficava do lado dela até os filhotes.

Passou por doenças e alergias clássicas de gatos que são meio de rua meio de casa. Chegou uma vez a ser desenganada por causa de uma alergia  e  mostrou q amor e teimosia são ótimas armas muitas vezes.

Até uma vez se não sua medalhinha eu não a teria  mais há anos. Parecia só uma bobagem ou frescura, quando quis a medalha com seu nome e telefone, mas foi o que me deu mais alegria, quando pensei que a tinha perdido e me ligaram e a fui buscar em outro bairro. Toda magrinha e assustada, apenas me deu mais certeza do quanto ela era importante em minha vida.

O tempo passou, perdi meu pai e ela sempre ali sem nunca pedir ou perguntar apenas ficava comigo enquanto me sentia só a tristeza  em mim,  sempre de sua maneira  me ajudando.

Suas sapequices, sua paixão influenciada por mim por queijos, outras coisinhas, por adorar caçar, desde passarinhos até deixar lagartixas sem rabo pela casa... Quantas vezes ganhei passarinhos ou achava o pouco que sobrava deles, sua predileção por cabeças de frango e ossos de sobrecoxa. Suas  poucas vezes q não aguentou e roubou comida da mesa. Sempre foi  uma lady, fazia carinhas para conseguir seus petiscos ou miava bem baixinho.

Sempre com seu pelo limpo e brilhante o que rendia muitas bolinhas de pelo indigestas. Apaixonada pelo sol, ficava horas e horas dormindo...

Tantas histórias pra se lembrar e relembrar...  e hoje ainda mais...sei que foi duro e difícil mas nunca poderia ser egoísta com alguém que me fez sorrir tanto que  me consolou, me fez cia, que demonstrou sempre ciumes até do computador, que fazia birra  nesses últimos anos se demorava demais para ir dormir.


A chamava de velhinha, velhusca nesses últimos tempos, toda orgulhosa  de ela ser forte e saudável depois de tantos e anos e só ter perdido um dentinho... Nesses últimos meses acabou ficando surdinha e perdendo peso, aparecimento de tumores... Até que esse últimos dias parece que todos os anos chegaram de supetão. Pedi tanto, orei tanto que  a levassem sem eu nunca ter que tomar a decisão que tomei juntamente com a Patry e  a mamãe. Antes de tudo não a queria ver sofrer como vi meu pais em seus últimos dias.  Ainda  mais que seria total egoísmo de minha parte a ver em um lugar que não era a casa dela, sem nós por perto, cheia de agulhas e apática.

Se foi... virou estrelinha, agora me deixou u.m coração vazio e cheio de saudades, triste, mas que cresceu  tenta entender as atitudes adultas que temos que tomar. Me ensinou oque é ser  não dona mas tutora, cuidadora, mãe responsável, a respeitar a liberdade , a independência de um gato. Foi uma das heranças dela de amar sem amarras que ainda aprendo um pouco todos os dias e incondicionalmente.

Marion te amo e muitoooooooooo.

Saudades....